Celebrizada em composições da chamada Música Popular Angolana de feição urbana, Joana Pernambuco, inspirou e encantou gerações, nas décadas de 50, 60 e 70.
Trajada à bessangana, indumen tária típica da mulher luandense, riscava o chão com ritmos angolanos e não só. A anciã tinha sido inter nada sábado último devido a uma criase ocorrida quando se encon trava na casa de banho. Segundo relatos da neta Lidiana Marta, a anciã foi encontrada caída no chão, tendo sido levada imediatamente para o hospital. Não resistiu ao embate e acabou por morrer segundafeira às 18 horas.
Quanto pudemos saber, Joana Pernambuco, nunca apresentou quaisquer sintomas de doença que a pudessem levar à morte. Apresen tavase saudável, comunicativa e bem humorada, tendo a inesperada notícia da sua morte constituído uma supresa. Conselheira e amiga de todos quantos partilhavam o seu saber foi, no entender dos luan denses uma biblioteca viva sempre disponivel para tudo quando fosse chamada ao nível da cultura. Lidiana Marta, recorda com alguma tristeza e nostalgia os bons momentos que passou junto da avô, tendo adiantado que ainda não se conformou com a sua morte.
“Perdemos algo muito precioso, não só do momento histórico como também dos seus conselhos e ensi namentos. É doloroso saber que ela não adoeceu. Ainda não nos confor mamos com a sua morte”, disse. Salientou igualmente, que apesar de não ter existido da parte algumas entidades acções visando a recolha de elementos essenciais desta figura capaz de perpectuar os seus feitos, para transmitilos às novas acabou de se perder uma rica biblioteca viva. “A minha avô foi uma excelen te bailarinha e apesar da idade ainda tinha muito que transmitir. Dança va muito bem o tango, a rumba, o semba e kizomba”. Paciente que foi, a anciã acobou por trespassar as suas habilidades da dança para is filhos, netos, biznetos até aos vizinhos.
Por sua vez, o director provincial da Cultura, Manuel Sebastião, referiu que foi com muita e tristeza que tomou conhecimento de tão triste acontecimento, tendo acrescentado que Joana José Roque, era sobretudo uma exímia bailarina que animou grandes salões em Luanda e, graças à sua destreza e passes, conquistou corações, simpatias, tendo sido conhecida popularmente por Joana pernambuco. Realçou que Joana Pernambuco, é hoje recordada por alguns músicos da cidade capital como Dom Caetano, entre outros.
Apelou aos jovens bailarinos para reflectir sobre esta ilustre figura e incentivouos a homenagear, seguindo o seu exemplo , espírito de tenacidade, defesa dos valores artís ticos, sobretudo da nossa cultura.
Segundo ele, esta é a melhor forma de imortalizála. “No âmbito da toponímia na atribuição dos nomes de rua, instituições, poderá a municipalidade de Luanda, queren do perpetuar e relembrar os feitos da bailarina, atribuir o nome de Joana Pernambuco”, disse.
Esta é no seu entender uma suges tão que fica para as autoridades do município de Luanda.
Entretanto, o governador pro vincial de Luanda, Bento Bento, decretou um minuto de silêncio em homenagem a Joana Pernambuco.
Segundo consta, uma comissão afecta a União dos Artistas e compo sitores (UNAC), encarregarseá de toda actividade cultural relacionada com o velório até o funeral.
Segundo Manuel Sebastião, quer o GPL como o Ministério da Cultura, associarseão à UNAC no apoio para que se preste a devida homena gem, à semelhança de outros artistas que já não se encontram entre nós.
Joana Pernambuco foi uma figura que segundo Manuel Sebastião, nunca imitou a moda ocidental em termos de indumentária.
Já o músico Calabeto, que disse conhecer a bailarina, ainda peque no por intermédio de um amigo, que por sinal era seu filho, Jeu, caracterizoua como uma individu alidade muito comunicativa, amiga de todos, que ganhou fama na área por ser uma excelente dançarina e extrovertida. Por sua vez, o também músico e compositor, Don Caetano, que partilhou os bons momentos com a dançarina, realçou que o país perdeu uma rica biblioteca viva, uma vez que, pouco ou nada foi feito em termos de aproveitamento dos seus conhecimentos, de modo a trnas mitir as novas gerações. Sublinhou que apesar da idade, a anciã ainda se recordava muito bem das coisas dos seus 15 e 20 anos. Lamentou o facto de ter deixado passar muitas coisas, porquanto tinha muitos arquivos vivos. “Esperamos que isso não aconteça com outras pessoas.
Estou a ver também o Mateus Pelé acamado em sua casa, o pequeno G.
Franco acamado, deixámos morrer o Jaque Rumba, Adão Simão e outros”.
Curiosamente, o corpo de Joana Pernambuco foi velado quintafeira às 8 hoas na Capela de São Luís, no Rangel, tendo posteriormente sido sepultado no Cemitério do Alto das Cruzes. Joana Pernambuco deixa oito filhos, 34 netos, 37 biznetos e dois trisnetos.
Fonte: O País
0 comentários:
Enviar um comentário